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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Amor nos tempos modernos


Ando preocupado. Ultimamente, você não tem me ouvido. Resolvi escrever.

Querida, entregar-se ao desencantamento pelo universo do amor não é o melhor remédio para as surpresas recentes. Não adianta passar as noites lendo e relendo os livros do Bauman e culpando a sociedade pós-moderna pela fragilidade dos laços afetivos. Sim, é verdade que as pessoas estão mais voltadas às relações instantâneas e egoístas e que hoje muito se valoriza a paixão – esse sentimento vulcânico alimentado pela ansiedade e pela urgência absoluta do outro e que pode se desfazer na mesma fração de segundos em que se fez; que as mulheres adotaram um discurso masculino e dizem querer transar com o carinha que acabaram de conhecer só por essa noite porque eu o estou usando como ele a mim; que os homens acostumaram-se ao sexo fácil com a mocinha daquela noite e que diz não se importar se ele vai ligar amanha e já assumem o desejo de nunca manter uma relação estável preferindo, ambos, preencher o vazio de suas solidões com mais uma noitada; que traição é natural porque só se sabe sair de uma relação com outras engatadas tamanho o medo de ficar sozinho; e casos são freqüentes e até animam o monótono casamento. Sim, querida, tudo isso existe. No entanto, é essa mesma sociedade pós-moderna a que aceita as diferenças: há espaço para os que, como você, não acham piegas amar; que acreditam nas relações afetivas como lugar para compartilhar a verdade e o melhor de si mesmo; que bem convivem com a solitude; que sentem que companheirismo, afinidade, identidade de valores e uma pitada de desejo são ingredientes capazes de fermentar o bolo do amor. Portanto, arranque-se desses programinhas com você mesma entre livros, filmes e vinhos e facilite a minha vida. Reconheça o meu trabalho árduo em ajudá-la a se desvincular dessa história do passado. Além de tentar ajudá-la a ver que ele não era o amor da sua vida, por vezes já a fiz tropeçar em pessoas bacanas, que você nem notou, imersa que estava em sua certeza de que, hoje, as pessoas só querem relações superficiais regadas a traição. Lembra-se do rapaz da loja de vinhos? E do economista do 3o andar? Já até induzi aquele ex-namorado da adolescência a sonhar com você e enviar um convite ao reencontro com a história inacabada. Além de sempre colocar em seu caminho amigos que querem mostrar a você a graça de estar solteira em uma cidade culturalmente efervescente como o Rio de Janeiro. Mas você está dificultando, em muito, o meu trabalho. PARE DE ME ATRAPALHAR. CHEGA!!! Já passou o tempo de recolhimento necessário na entre safra do relacionar-se. ABRA-SE para a vida. Você já é capaz de identificar os que lhe são afins na diversidade do pós-moderno. E, por fim, pare de conversar ao celular enquanto dirige. Você está cansando a minha paciência celestial.

Com carinho,
Do seu anjo da guarda.

Texto de Carina, extraído do Blog Aí é que Tá (http://cronicas-pop.blogspot.com)

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