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segunda-feira, 4 de março de 2013

Filme: A Estranha vida de Timothy Green



"Jim e Cindy não podem ter filhos. Certa noite, como uma forma de terapia, o amargurado casal escreve em pedaços de papel os dons desejados para o filho que jamais terão, e os põe dentro de uma caixa de madeira que é enterrada no quintal. Eles nem sonhavam que como um milagre, surgisse um garoto da terra para completar a tão esperada família dos Green. Entramos então no fértil território dominado pela Disney, o de fábulas para a família no agridoce A Estranha Vida de Timothy Green.

Timothy, porém, é muito mais do que os pais de primeira viagem podiam esperar: com folhas literalmente presas nas canelas, escondidas por grandes meias e cujo significado simbólico vem a ser revelado com o tempo, o garoto age conforme fora escrito, embora não exatamente da maneira imaginada pelos pais. O que não faz a menor diferença, uma vez que espirituoso, adorável e prestativo Timothy conquista com enorme facilidade todos ao seu redor, inclusive o espectador tão logo o cativante ator-mirim CJ Adams dê o primeiro sorriso.

Mas o que mais me agradou não foi a simplicidade da história ou a sua inocente previsibilidade, e sim a melancolia empregada pelo diretor Peter Hedges. Outono, folhas caídas, as cores lavadas dos figurinos, os tons marrons na fotografia de John Toll – duas vezes vencedor de Oscar -, tudo converge para criar uma sensação bem próxima da felicidade, mas que ao mesmo tempo corre o risco de terminar a qualquer momento. E é isto que torna emocionante a jornada de descoberta da paternidade do casal Green.

Com um ou outro momento cafona, como o costume de Timothy de abrir os braços em direção ao sol – fato que me remeteu imediatamente a uma espécie de fotossíntese -, a narrativa retribui com a emoção que a Disney é familiarizada em produzir: você consegue adivinhar o que virá na cena seguinte e até está ciente dos mecanismos usados para manipular os seus sentimentos, mas não consegue resistir ao seu apelo.

Também ajuda o elenco uniformemente competente, com Jennifer Garner, Joel Edgerton, Rosemarie DeWitt, David Morse, M. Emmet Walsh e Dianne Wiest, a trilha sonora adequada e a honestidade e sensibilidade do roteiro. Elementos que transformam a aparentemente banal fórmula da Disney em algo genuinamente tocante".

Márcio Sallem - Blog O Estado


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