Mania de pedir desculpa

Pedir desculpas parece ter virado mania, e não poucas vezes, o pedido soa como mero formalismo artificial. Não entendo como algo tão importante (e sério) tenha caído na banalidade. Atualmente, pedir desculpa está bem parecido com aquele velho jargão que usamos pela manhã quando encontramos alguém conhecido: Oi Fulano, tudo bem?. No fundo, a maioria de nós não está nem um pouco preocupado com a resposta, mesmo porque a resposta é basicamente a mesma: Estou bem e você?.

Por que estamos o tempo todo pedindo desculpas? Por que pedimos desculpa sem saber o motivo pelo qual estamos agindo assim? Medo de ser rejeitado? Necessidade de ser aceito pelo outro? Hábito? Não sei a qual conclusão devemos chegar... Mas, posso dizer que não tenho paciência (“tolerância zero”) com as pessoas que usam o pedido de desculpa como varinha mágica, daquelas capazes de consertar qualquer coisa, de forma tão veloz como a velocidade da luz, sem deixar qualquer tipo de resquício. Isso só não é pior do que aqueles que pedem desculpa e no momento seguinte ou na próxima oportunidade repetem o mesmo “erro”.

Pedir desculpa definitivamente não muda os fatos, não faz voltar ao passado, não é capaz de apagar tudo o que aconteceu e tudo o que sentimos, ou tudo que sofremos, ou tudo que choramos. Não dá para usar o pedido de desculpa para justificar e consertar qualquer ato. Pena que há muitos não conseguem enxergar isso!

Não defendo a tese que pedir desculpas é sempre inútil. Acredito que há momentos em que é necessário sim pedir desculpas, assim como há necessidade de aprendermos a perdoar, já que estamos bem longe de sermos seres perfeitos. Perdoar os outros e a nós mesmos é algo fundamental na nossa vida. Minha contrariedade é apenas com aqueles que fazem da desculpa algo inútil, que utilizam dela em momentos desnecessários, mas não a utilizam quando deveriam ou se desculpam por mera conveniência, despido de qualquer sinceridade. É também com aqueles que têm plena consciência de que estão fazendo algo ruim, desagradável com o outro e mesmo assim o fazem, e no fim tentam “consertar” dizendo apenas: me desculpa.

Posso estar sendo radical demais. Mas, ainda não consigo pensar diferente. Os sentimentos, as razões, a vida do outro, não são um brinquedo que podemos quebrar e depois colar com um “super bonder” chamado pedido de desculpa. E mesmo que fosse possível inicialmente, em determinado momento, depois de tantos remendos, seria impossível.

Bom restinho de dia!

Thina