Ei Pessoal!
Boa Tarde.
Espero que gostem da dica de hoje.
Em "O escafandro e a borboleta", o
pintor e cineasta novaiorquino Julian Schnabel dosa delicadamente melodrama com
porções de humor e nenhuma piedade ao filmar história real de um jornalista
que, após sofrer um derrame que paralisa seu corpo inteiro, consegue ainda
escrever um livro usando apenas o olho esquerdo.
No longa-metragem Jean-Dominique Bauby
(Mathieu Amalric, numa interpretação difícil, mas a altura do personagem) é
editor de uma das revistas mais famosas da França. Tem três filhos carinhosos,
uma namorada espetacular, uma ex-mulher participativa, um carrão, anda entre
mulheres lindas e é motivo de orgulho para o pai (o sueco Max von Sydow, ator
ícone de Ingmar Bergman), a quem respeita. Uma vida invejável. Até que,
repentinamente, sofre o acidente vascular cerebral e quase morre.
Os médicos conseguem reanimá-lo, mas Jean-Do,
como é chamado pelos amigos, fica totalmente paralisado, com a exceção do olho
esquerdo. E, como ele mesmo diz, da imaginação e da memória. A mente,
totalmente ativa, se sente prisioneira dentro de um corpo que não funciona.
Como se ele estivesse vestindo um escafandro – daí metade do título –, em que
não tem controle dos próprios movimentos.
Escritor
Entretanto, com a ajuda da fonoaudióloga do
hospital – uma "beldade", como é apresentada –, eles desenvolvem uma
forma de comunicação que, depois de contratempos, o permite escrever um livro.
Bauby pode dar forma a todas suas lembranças
e criar outras, além de externar todas as preocupações e o seu cotidiano,
criando uma espécie de diário único, por causa do seu autor. Todas as fantasias
do escritor são levadas para a tela pelo cineasta, o que ajuda a tirar a
dramaticidade excessiva do filme, sem torná-lo frio.
Aliás, Schnabel, que já tinha feito
"Antes do Anoitecer", e "Basquiat - Traços de Uma Vida",
consegue um bom resultado ao retratar a voz interior de Bauby. Um dos recursos
utilizados é a visão subjetiva. Vemos o filme, durante um terço da projeção,
pelo olhar do próprio escritor. Também escutamos os seus pensamentos, como um
narrador que comenta as ações que passam à sua frente, sem que ninguém, do lado
de lá da tela, o ouça. Quando os médicos costuram seu olho direito, para
impedir que infeccione, quase sentimos a dor que ele não sentiu.
"O escafandro..." lembra outros
filmes que abordam o tema da paralisia completa - ou quase, como "Mar
adentro" do espanhol Alejandro Almenabar. A diferença, crucial, é como os
protagonistas, ambos reais, encaram a própria (in)capacidade. Se Ramón Sampedro,
de "Mar...", simplesmente não quer continuar a viver, Bauby continua,
porque não sabe o que é impossível.
Fonte: G1 cinema
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