Quem gosta deste estilo de
filme e já assistiu ao trailer de Godzilla provavelmente ficou com vontade de
ir ao cinema. Por isso, resolvi falar um pouquinho mais sobre o filme.
Vamos lá!
Antes de virar uma série de
longas de duelos de monstros e consagrar o Japão afora o gênero do tokusatsu
(ou "filme de efeitos especiais"), Godzilla surgiu em 1954 como uma
elegia aos mortos nas bombas atômicas de 1945. O novo remake americano de
Godzilla tenta honrar esses dois lados: é muito mais dramático e grave que um
Círculo de Fogo, por exemplo, mas não deixa de oferecer as recompensas
catárticas que os fãs de tokusatsu esperam.
De seu primeiro longa,
Monstros, o diretor Gareth Edwards traz seu conhecimento em efeitos visuais
para imaginar um mundo onde a passagem de criaturas gigantes, embora cause
desastres, não parece espetaculosa: são monstros diferentes daqueles de
comportamento alienígena ou acuados como o de Cloverfield; aqui eles tratam a
terra como seu habitat, e o ambiente se molda a eles. Resta aos humanos se
conformar.
Há uma desesperança inerente
a essa condição, e é a partir dela que o filme elabora seu senso de gravidade e
drama. É como se a humanidade estivesse desde sempre fadada a se perder, e o
perigo nuclear entra aqui tanto como MacGuffin (bombas com contagens
regressivas são mesmo irresistíveis) quanto como fantasma (a história de 1945
que se repete). Edwards faz um filme sem crueldades.
O que ajuda a diferenciar
Godzilla de filmes-catástrofes recentes, que recorrem ao imaginário do 11 de
Setembro de forma espetaculosa, como O Homem de Aço, é que Edwards não perde de
vista o senso de maravilhamento (e não exploração) diante dos monstros. Como no
seu longa anterior, as criaturas se revelam aos poucos, e nunca deixam de
espantar.
O filme é um espetáculo
visual, tecnicamente perfeito. O CGI é incrível e a edição de som faz com que
você sinta o peso dos monstros. Isso sem falar nos rugidos. Não é preciso dizer
que este filme precisa ser visto no cinema, na maior tela e com o melhor som
possível.
Detalhes dos monstros, não
revelados em trailers, clips e spots, trarão mais impacto das cenas de luta, já
que as criaturas são assustadoras, e responsáveis pelas melhores cenas de
mortes e destruição. A trilha sonora de Alexandre Desplat faz uma moldura
competente e bonita ao filme.
A direção de Gareth Edwards
evoca – e muito – clássicos de Steven Spielberg, como Tubarão, sugerindo em vez
de escancarar tudo desde o início, provocando a plateia e fazendo a tensão e a
expectativa crescente. Edwards já havia acertado em apresentar criaturas
através da perspectiva humana em Monstros — e sua ideia funciona melhor ainda em Godzilla,
principalmente na sequência da Golden Gate. Impossível não se sentir dentro da
cena.
Já Godzilla está mais
realista do que nunca. Além de acertar no design, Gareth Edwards manteve a personalidade
e os poderes do Big G. Este Godzilla é uma mistura de todas as encarnações do
personagem ao longo de 28 filmes. As referências à franquia japonesa estão
espalhadas e vão agradar aos fãs antigos.
Bryan Cranston e Juliette
Binoche estão fantásticos, mas seus personagens não passam do primeiro ato,
deixando o resto do filme para um elenco que não consegue cativar o espectador.
Fontes:
Cinema
com Rapadura
Revista
O Grito
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