Criticar um filme é algo bem
complexo. Classificá-lo como bom ou ruim é mais difícil ainda... Ainda não
assisti ao filme de hoje, afinal ele estreou no fim de semana e eu não consegui
ir ao cinema.
Mas, lendo vários sites vi
que as opiniões estão bem divididas. Sendo assim, vou colocar os dois posicionamentos.
Alguém já viu? Gostaram?
O que vocês acham de sempre
colocar uma crítica positiva e outra negativa?
Vamos lá!
Crítica
de quem curtiu:
No primeiro filme da série
300, o diretor Zack Snyder conseguiu o prodígio de transformar a graphic novel
original numa espécie de história em quadrinhos em movimento. Por meio de
tecnologia de ponta – o chamado cutting-edge virtual –ele não apenas movimentou
a estrutura plana dos comics como imprimiu ao visual uma textura peculiar, como
se velhos relevos adquirissem vida. Tudo isso foi muito impressionante, mas não
foram poucos os críticos que inventaram que a saga dos 300 gregos que
derrotaram o império de Xerxes seria "fascista".
O israelense Noam Murro, que
agora dirige 300 – A Ascensão do Império, quis, acima de tudo, evitar que essa
acusação lhe fosse feita. Na abertura do filme, Leônidas (Gerard Butler) já
está morto e seu substituto, à frente dos gregos, Temístocles, passa o tempo
todo fazendo discursos sobre a importância da resistência da democracia grega
ao império dos persas, esse sim, totalitário (e fascista). Xerxes é esculpido
como um deus por Artemísia e, quando ela tenta seduzir Temístocles, o
espectador fica meio em dúvida se ela queria sujeitá-lo a seus encantos ou
simplesmente confirmar, como proclama, que ele é humano e, portanto, não é um
deus (como Xerxes).
Na saída da sessão de
imprensa de 300 – A Ascensão do Império, mais de um crítico saiu torcendo o
nariz. "É um comic", diziam. Lógico que é um comic, uma HQ em
movimento. Esse é o conceito, e posto que se trata da base de tudo, talvez seja
uma virtude, não um defeito. Para encurtar a discussão, o que Murro traz para a
série é um interessante desenho de personagens. Xerxes fica maior – e Rodrigo,
como já se disse, penou para mantê-lo humano. Artemísia, consumida pela
vingança, é uma diaba no seu desejo de destruir a armada grega. Mas ela é bela,
perigosamente bela, o que aumenta o perigo dos homens.
Fonte: O Estadão
Crítica
de quem não curtiu:
Ainda que seja bastante
competente em emular a estética do primeiro 300, em especial o alto contraste e
as câmeras lentas estilosas, a assinatura de Zack Snyder, 300 - A Ascensão do
Império (300 - Rise of an Empire) não chega nem perto da bravata machona do
longa de 2007. Se o original cativou o público com ação e frases de efeito tão
cortantes quanto os golpes de Leônidas, falta bravata e sobram discursos
professorais à sequência.
O australiano Sullivan
Stapleton vive o general Temístocles, uma lenda entre os atenienses ao liderar
os exércitos gregos contra as tropas do imperador persa Dario. O filme o
acompanha desde o primeiro confronto com os conquistadores do Oriente Médio até
os eventos que aconteceram simultaneamente à defesa das Termópilas (a de 300) e
alguns meses além. Assim, 300 - A Ascensão do Império conta uma história
paralela, que começa antes e termina depois do longa original.
Stapleton, que já não tinha
o charme de Gerard Butler (o Leônidas, que só aparece em uma breve cena), é
prejudicado pelo roteiro, que insiste em transformar discursos pré-batalha em
palestras de auto-ajuda. Temístocles explica suas estratégias o tempo todo,
fazendo a ligação com os eventos de 300 de maneira quase vexaminosa. O grego
não perde uma oportunidade de lembrar seu plano-mestre para a união da Grécia.
Enquanto conta a história de
Temístocles, o longa também narra os acontecimentos no front persa. Rodrigo
Santoro começa humano como Xerxes, o filho de Dario, e sua transformação em
Deus-Rei é revelada. O brasileiro interage quase que exclusivamente com
Artemísia (Eva Green), a comandante das frotas persas e o melhor elemento do
novo 300. A guerreira consegue ser mais machona que Temístocles e sua cenas são
as mais interessantes do filme - bem como a personagem em si, cujas motivações
e reações são devidamente desenvolvidas. Pena que sua cena de sexo tenha uma
pausa para entrada de alívio-cômico, como se para não constranger o público,
que merece apenas os rios de sangue digital que fluem da tela.
Entre erros e diversas
tentativas de repetir sequências do primeiro, ao final, fica a certeza de que
as diferenças entre a continuação e o primeiro filme são tão gritantes quanto
atenienses e espartanos. É como se o original, em que os guerreiros de Leônidas
caçoam dos vizinhos, já profetizasse o que sairia de uma continuação tendo
justamente esses "filósofos e amantes de meninos" (LEÔNIDAS, Rei -
2007) como protagonistas.
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