“Não é um exagero dizer que “Monstros S.A.” é
um dos mais queridos filmes da parceria Disney/Pixar. A despeito do conceito
criativo e do inventivo mundo criado naquela produção, foi a ternura da
improvável amizade entre o grandalhão peludo e gente boa Sully, o olhudo verde
e neurótico Mike e a inocente garotinha Bu que conquistou o público. O fato
daquele longa ter se encerrado em um reencontro entre os simpáticos monstros e
Bu deixou um belo gancho para ser aproveitado em uma eventual continuação.
O problema é que, apesar de as produtoras
quererem voltar àquele mundo e claramente haver um público ávido por mais
aventuras em Monstrópolis, como os realizadores iriam retomar a relação entre a
menina e seus amigos do outro lado do armário de modo satisfatório? Ora,
justamente por conta de ter um final em aberto, cada fã imaginou de um modo
diferente o que aconteceu com Bu, Sully e Mike depois que os monstros pararam
de assustar crianças e começaram a diverti-las.
Com esse problema em mãos, o trio de
roteiristas, formado por Robert L. Baird e Daniel Gerson e pelo diretor Dan
Scanlon, teve a ideia de voltar ao passado dos monstros e contar como Mike e
Sully se conheceram, tendo como paradigma o clássico oitentista “A Vingança dos
Nerds”. Assim nasceu este “Universidade Monstros” que, desta vez, coloca Mike
como centro das atenções (ao menos do ponto de vista da narrativa).
Ao contrário do que poderíamos pensar
anteriormente, a dupla nem sempre foi inseparável. Ambos cursando a
universidade para tornarem-se assustadores, o esforçado e estudioso Mike
detestava Sully, que contava apenas com seu visual e sobrenome famoso para
subir na vida. Quando a rixa entre eles coloca em risco os sonhos e futuros
acadêmicos dos dois, eles se veem obrigados a juntar forças com a fraternidade
Ozma Kappa, um grupo de excluídos, para provarem, em uma assombrosa competição,
que são monstros assustadores.
[...]
Os detalhes dos personagens são extremamente
bem definidos (reparem especialmente na musculatura ocular de Mike e na pelugem
de Sullivan) e é interessante notar como Scanlon e seus colaboradores retratam
os humanos que surgem no terço final da produção com uma estranheza quase que alienígena,
ressaltando quem são os verdadeiros donos da película.
Mas se há uma lição que a Disney/Pixar
aprendeu com ”Carros 2” é que manter seu padrão de excelência visual sem um bom
roteiro resulta em produções superficialmente lindas, mas sem conteúdo, vazias.
E isso é algo que não pode ser dito de “Universidade Monstros”. Por trás de
todas as set pieces (aquelas cenas de ação mais elaboradas e longas, como as
que envolvem as provas da competição), piadas e referências a filmes
universitários, há um conflito emocional complexo envolvendo Mike e Sully.
[...]”
Por Thiago Siqueira
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