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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Filme: O grande Hotel Budapeste


Segundo Alexandre Schnabl, o filme “O Grande Hotel Budapeste” (The Grand Hotel Budapeste) vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim desse ano, é o suprassumo do velho luxo de um universo que foi sepultado pelo Século.

“Ainda há um lampejo de civilização no açougue bárbaro que se tornou a humanidade”. Essa máxima, proferida pelo Monsieur Gustave (Ralph Fiennes) algumas vezes ao longo da projeção, revela exatamente o que existe por trás da comédia “O Grande Hotel Budapeste”. O diretor Wes Anderson (Os Excêntricos Tenenbaum, A Vida Marinha de Steve Zissou, Viagem a Darjeeling), um dos nomes mais criativos e incensados da Hollywood atual, tece uma deliciosa comédia na qual o personagem principal é um concierge de um hotel de luxo na fictícia Zubrowka, na Europa do Leste, antes desta passar pelas agruras da revolução e mudar para sempre com a guerra.

Segundo o site G1 somos convidados a conhecer a República (imaginária) de Zubrowka, país situado nos confins do leste europeu e que abriga um hotel que reina no alto de uma montanha. Tanto o país quanto o hotel foram afetados por grandes acontecimentos no século 20: a “Belle époque” cedeu lugar a um crescente fascismo, que culminou com uma guerra. Como se não bastasse, o país fez parte do bloco comunista. Eis o pano de fundo em que se desenrola o filme.

Não faltam elogios ao filme. Não sem motivo, visto que não lhe faltam superlativos, a começar pelo elenco, um verdadeiro desfile de grandes atores.

Em cena, Ralph Fiennes (M. Gustave, o concierge), Jude Law (jovem escritor), Adrien Brody (o vilão Dmitri), Edward Norton (o militar Henckels), Bill Murray (o amigo de Gustave, M. Ivan), sem falar na memorável atuação de Tilda Swinton, irreconhecível na pele de uma milionária octagenária, Madame D.

Seria injusto não mencionar a excelente atuação do novato Toni Revolori (Zero, fiel escudeiro do concierge) e da bela Saoirse Ronan (Agatha), sua namorada.

Além desta constelação de talentos, o filme impressiona pela fluidez com a qual a ação se desenrola. Tanto os atores, quanto o roteiro, a fotografia, o figurino, tudo foi pensado de modo a fazer da trama de Wes Anderson uma verdadeira alegoria dos eventos que marcaram a Europa no século passado através daqueles que o viveram.

A trajetória do concierge vivido por Ralph Fiennes chega até nós graças ao encontro com aquele que foi seu fiel escudeiro, Zero (na maturidade, interpretado por F. Murray Abraham) com um jovem escritor - espécie de alter-ego do escritor Stefan Zweig (austríaco que, desencantado com os rumos da 2ª guerra, suicidou-se em Petrópolis, em 1942), cujos livros serviram de inspiração na construção do roteiro.

Esta parte da ação ocorre nos anos 1960, mas logo seremos transportados aos anos gloriosos do hotel, no começo da década de 1930, quando os corredores eram percorridos pela elite europeia e M. Gustave era um verdadeiro maestro, tendo que lidar com os caprichos dos hóspedes, mas também com a rotina dos empregados - tudo isto sem jamais perder a classe.

“O grande Hotel Budapeste” é um filme em que cada personagem parece retratar com grande talento os encantos deste microcosmo – e a trama apresenta reviravoltas no melhor estilo Agatha Christie. Visualmente, a sincronia dos movimentos da câmera em relação ao roteiro e às nuances de interpretação remete a filmes como “Delicatessen” (de Jean-Pierre Jeunet, 1991).

O edifício usado nas filmagens foi uma antiga loja de departamentos localizada em Gorlitz, cidade alemã junto às fronteiras com a Polônia e a República Tcheca.

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