Depois de várias pessoas me indicarem este filme resolvi assisti-lo nesse fim de semana. A verdade é que prefiro não assistir filmes que remetam à acidentes, especialmente aéreos, pois as imagens parecem aparecer em minha mente sempre que vou viajar. Mas, nesse caso decidi enfrentar o “preconceito” e fui surpreendida positivamente, apesar da tensão em alguns momentos.
Segue
a crítica escrita por Bernardo Schlegel, do Jornal do Brasil, que retrata muito
bem o filme:
“A
trama conta a história de Whip Whitaker, um habilidoso piloto que, num dia como
outro qualquer, é confrontado com a pior situação possível para sua profissão:
uma falha técnica que provoca a queda da aeronave. Entretanto, a destreza na
profissão o permite salvar, quase na totalidade, os passageiros desse voo que
estava fadado a não ter sobreviventes.
O
que se segue à queda, como protocolo, é uma investigação da organização de
segurança aérea americana. Entre outras coisas, é comprovado elevado teor de
álcool no sangue do comandante. Elevado o suficiente para condená-lo à prisão
perpétua pelo homicídio daqueles que não conseguiu salvar. Portanto, assim que
sai do hospital ele passa a receber a assessoria de um advogado que não mede
esforços para ganhar uma causa.
O
que é interessante de reparar aqui é que uma vez destruída a imagem de herói
apresentada no início do filme, nasce lentamente aos olhos do espectador um
alcoólatra irresponsável e prepotente. O roteiro de John Gatins (Coach
Carter e Gigantes de Aço), extremamente intenso e provocante,
explicita como um homem pode, após ter sido derrotado pelo vício, ter nele a
força para se manter em pé. É o vício que o faz funcionar, pois sem a bebida,
não haveria piloto herói.
O
grande sucesso de Zemeckis é conseguir conduzir a narrativa para que o
espectador não saiba mais o que é certo ou errado. Por uma via um tanto torta,
essa figura meio herói, meio anti-herói clama ao público por um julgamento que
o isente da irresponsabilidade de pilotar embriagado, justificando isso com o
simples fato (ou nem tão simples assim) de ter salvado 99% dos passageiros a
bordo de seu avião. E ser o único piloto capaz de fazer isso.
O
trabalho de Denzel Washington é primoroso. Através de uma construção rústica
que não foge à delicadeza, ele presenteia o espectador com um desempenho
arrebatador, talvez um dos melhores de sua carreira. Vê-se na tela um homem sem
o horizonte que, em um processo de lenta decadência, tenta vencer os hábitos
que o fizeram perder família, fé e credibilidade. Um homem que se vê obrigado a
escolher entre a culpa e o vício e a ética.
O
voo não é um filme sobre
aviação. Tampouco sobre bebida. É um filme sobre reabilitação de vida. Sem mais”.
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