Tem dias que a gente acorda
disposto a arrumar nossa bagunça interna, jogar fora o que não é mais
necessário e limpar o que ainda está sujo, afinal, as coisas mudam, a vida muda,
pessoas, sentimentos, dúvidas, tristezas, alegrias e angústias vêm e vão...
Por outro lado, o tempo, ou
melhor, a falta dele, somado à dificuldade que temos em lidar com todas as
situações da vida, acabam nos fazendo acreditar que deixar para depois é a sempre
melhor alternativa. Mas já que não dá pra passar a vida inteira jogando a sujeira
pra debaixo do tapete, o jeito é enfrentar a faxina.
Ok! Confesso que não é fácil
praticar o desapego, especialmente de coisas não materiais, e que provavelmente
estão guardadas há muito em gavetas da memória ou do coração. É difícil vasculhar
o que te fez sofrer, ainda que seja com a intenção do “nunca mais”. Nunca mais
ver, nunca mais lembrar, nunca mais sentir, nunca mais guardar, nunca mais se
lembrar, nunca mais chorar. Dá medo de ir tirando as emoções das gavetas e
sofrer novamente. Dá medo de rever as situações com outros olhos e sentir que
fez tudo errado. Dá medo de jogar fora as coisas que você sabe que te fazem mal,
mas que mesmo assim não tem certeza se quer se quer mesmo se livrar.
Talvez a palavra chave para
esse momento seja: coragem! Se te faz ou te fez sofrer tenha coragem e
despeça-se. Chore e grite se for necessário (e muitas vezes é), mas seque as
lágrimas, recicle o que ainda lhe serve e jogue, sem dó, o restante no lixo. No
entanto, se depois disso tudo perceber que ainda vale à pena voltar atrás, dê
uma nova chance à você mesmo e corra atrás do prejuízo. Caso contrário, o
melhor é preparar o armário para as novas oportunidades.
Também é importante que nos
lembremos do lado bom dessa história toda! Olhar pra dentro é uma maravilhosa
oportunidade de repensarmos o que somos, como estamos, onde queremos chegar e o
quanto já conquistamos. É um motivo para mexer na caixa das lembranças e sorrir
enquanto a mente e o coração nos levam à pessoas, músicas, lugares, momentos.
Porque já dizia Caio
Fernando Abreu: guardar roupa velha dentro da gaveta é como ocupar o coração
com alguém que não lhe serve. Perca de espaço, tempo, paciência e sentimento.
Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa. Deixa entrar: na
vida, no coração, na cabeça.
Enfim, o nome disso tudo não
é praticidade, é amor próprio e paz de espírito.
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