Desconsidere todos os filmes de super-heróis
que existem até hoje. O desfecho da lenda do homem morcego supera todos eles,
traduzindo o que obra blockbuster deveria propiciar ao público: boa dose de
adrenalina nas cenas de ação, com grandes efeitos especiais, acompanhado de uma
trilha sonora onipresente, tema feito pelo alemão Hans Zimmer (de Gladiador,
Sherlock Holmes, Além da Linha Vermelha e A Origem). Frases de efeito
encaixadas, sempre no timing exato, e uma constante autoanálise psicológica dos
heróis quanto às consequências dos seus atos acoplados às questões jurídicas e
políticas da cidade de Gotham, e idealistas, ao que tange os personagens
imersos às situações nefastas frequentemente expostas ao longo do enredo
fílmico.
É com esses apetrechos que a saga do diretor,
roteirista e produtor Christopher Nolan (de A Origem e do excelente Amnésia, de
2000), em parceria com seu irmão roteirista, Jonathan Nolan, manteve a sua
trilogia como uma unidade sólida, e continuamente, a cada filme, em uma linha
ascendente em tempo de duração e, principalmente, qualidade. Algo incomum em
uma série de três filmes, vide as franquias Homem-Aranha, Senhor dos Anéis etc.
"Batman: O Cavaleiro das Trevas
Ressurge" faz o improvável: melhorar a qualidade da saga iniciada em 2005
Iniciada a história do cavaleiro das trevas
em 2005, com Batman Begins, o perfil dark e obscuro do herói carimbou em 140
minutos de projeção uma nova roupagem à lenda, antes vista em filmes de
qualidade duvidosa. E que, três anos depois, e com 12 minutos a mais de tempo
em relação ao antecessor, se corroborou como um filme grandioso, com a aparição
magistral de Heath Ledger na pele do subversivo Coringa (pondo o antigo coringa
Jack Nicholson em segundo plano, inclusive), em Batman: O Cavaleiro das Trevas.
E quando poderia ser quase impossível elevar
o nível, Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, desta vez com 164 minutos
velozes, aprimora mais ainda o seu legado, tampando todos os buracos deixados
nos longas anteriores (não é à toa que há bastante surpresa neste novo filme) e
consolidando a série como um dos melhores entretenimentos já vistos na história
do cinema.
Após 8 anos exilado, Batman, o cavaleiro das
trevas, ressurge para enfrentar o subversivo Bane
Oito anos depois dos acontecimentos do filme
de 2008, em Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, a cidade de Gotham se
encontra em tempos de paz. Bruce Wayne (Christiam Bale, de Flores do Oriente)
está recluso em sua mansão e auxiliado, como de praxe, pelo mordomo e amigo
Alfred (Michael Cane, de Viagem 2: A Ilha Misteriosa). O comissário Gordon
(Gary Oldman, de O Espião que Sabia Demais) é o primeiro a aparecer,
inconformado pela sua própria mentira, porém necessária. Ele forjou como herói
Harvey Dent. E o mito vira lei: a Lei Dent, que tem como princípio a tolerância
zero e a lei de talião (olho por olho) para com os criminosos. A homenagem
póstuma ao duas caras é a responsável pelo tempo prazível vivido na pólis.
Por pouco tempo, até nos depararmos com a
presença do novo vilão da série, Bane. Com o mesmo discurso do coringa, o
impiedoso mascarado – interpretado pelo inglês Tom Hardy, de Guerra é Guerra –
quer pôr também Gotham abaixo. Só que com um plano ainda mais tenebroso... para
conter o novo antagonista, Batman conta com os amparos habituais de Gordon e
Lucious Fox (Morgan Freeman, de Invictus) e as inéditas ajudas: o jovem
policial implacável na busca por justiça, Blake (Joseph Gordon-Levitt, de 500
Dias com Ela) e a estonteante e inicialmente ardilosa mulher gato (Anne
Hathaway, de Um Dia), com quem Batman vive em constante atrito, rendendo
momentos burlescos.
Em sete anos – de 2005 a 2012 – a franquia do
super-herói mascarado de Nolan, que pensa em sequenciar, em um futuro próximo,
outras aventuras do cavaleiro das trevas, deixa o estimado Os Vingadores no
chinelo e apaga a mancha deixada pelas produções pífias anteriores da história
do homem morcego. Diante de um desfecho triunfal da saga, a única lamúria é Bob
Kane (1915-1998), o criador do Batman, não estar mais vivo para conferir o
grande registro de sua criação na telona.
Crítica de Tiago Canavarros
Cinema na Rede
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