Essa semana o assunto foi o BBB. Incansável criador de polêmicas, o programa tem sempre surpreendido negativamente. Não digo que nunca o assisti, mas há muito o programa deixou de ser algo que vale à pena. Em suas primeiras edições o BBB era uma grande novidade e estávamos curiosos para sabermos qual participante teria a melhor estratégia. Mas, o tempo foi passando e hoje tudo que vemos é a exaltação de cenas, situações e ações que em nada acrescentam em nossas vidas. Ao contrário, é triste ver tanta degradação.
Sobre tudo isso, li um texto que acredito ser perfeito. Talvez muitos já tenham visto nas redes sociais, mas para aqueles que não viram aproveitem para ler.
Que me perdoem os ávidos
telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa
distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A nova edição do
BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil
encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa
modesta inteligência.
Dizem que Roma, um dos
maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos
valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a
pura e suprema banalização do sexo e valores morais, com tamanho atentado à
nossa modesta inteligência.
Impossível assistir ver este
programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... Todos na mesma casa, a
casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra
gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo
na TV, seja entre homossexuais ou heterossexuais. O BBB é a realidade em busca
do IBOPE.
Veja como Pedro Bial tratou
os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido”. Não sei
se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras
típicas.
Pergunto-me, por exemplo,
como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se
justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um
programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve
maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de
se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse programa
é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da
dignidade do brasileiro.
Outro dia, durante o
intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse
que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um
caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis.
Caminho árduo?
Heróis?
São esses nossos exemplos de
heróis?
Caminho árduo para mim é
aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde,
professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros
e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas
exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal
remunerados.
Heróis são milhares de
brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para
dormir, e conseguem sobreviver a isso todo dia.
Heróis são crianças e
adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de
ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas, entidades
sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam
ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna
heroína Zilda Arns).
Heróis são aqueles que,
apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas
dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada
meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é
um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos
intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer
outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à
criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São
apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir
estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e
meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a
"entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de
tra$$$$$$$$$ $$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de
que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da
ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e
setecentos mil reais.
Eu vou repetir: oito milhões
e setecentos mil reais a cada paredão ...
Já imaginaram quanto poderia
ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social,
moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros? (Poderia ser feito
mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores)
Essas palavras não são de
revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração
ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um
livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao
cinema...., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... ,
telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as
crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a
Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre
os quais foi construída nossa sociedade.
Ps. Foi dada a autoria desse texto à Veríssimo, no entanto, ele próprio disse que o texto não foi por ele escrito, durante o programa Altas Horas do dia 12/01.
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